A Folha publicou essa semana uma reportagem sobre o “chronoworking”, que seria um modelo de trabalho com horário adaptado ao relógio biológico de cada funcionário. Em um primeiro olhar, parece uma ideia superbacana porque respeita o horário de mais produtividade de cada pessoa e ainda pode incluir pessoas que fazem um curso pela manhã ou dependem do horário da creche ou escola dos filhos.
Mas num segundo momento aparecem os desafios, apontados por profissionais de RH entrevistados pela reportagem. Um deles é o desafio que a gestão das equipes vai encontar para organizar entregas de profissionais em horários distintos. Outra dificuldade do chronoworking fica nas mãos de todos os funcionários, afinal, a comunicação precisa ser extremamente eficaz. Um dos soft skills mais valorizados no mercado hoje, a comunicação verbal e não-verbal é um dos tópicos mais importantes do meu curso de imagem e comportamento profissional, que tem sua próxima edição online agora em junho (as inscrições podem ser feitas nesse link aqui).
Além disso, a comunicação entre a equipe deixa de contar com o horário comercial para acontecer. Já pensou se uma pessoa da sua equipe escolhe trabalhar das 16h às 23h e você já planejou outros compromissos a partir das 17h? Aquela mensagem de whatsapp que hoje em dia é indesejada depois das 20h já vai se tornar um problema horas mais cedo, afinal, seu “turno” já acabou.
Por fim, existe ainda a questão do entrosamento e da integração da equipe. Aquele cafezinho no intervalo, o almoço juntos, o happy hour… isso pra não falar daquele brainstorm rápido que sempre enriquece as ideias e faz os projetos fluírem com mais naturalidade. Parece bobo, mas não é. E as novas gerações já estão sentindo isso.
De acordo com um relatório de 2023 da Sociedade Americana para Gestão de Recursos Humanos, 24% dos trabalhadores da Geração Z nos Estados Unidos relatam que se sentem solitários no trabalho pelo menos uma vez por semana. Em tempos de saúde emocional frágil e de um excesso de individualismo, acho que a iniciativa do chronoworking pode acabar fazendo mais mal que bem. E você? O que acha?
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